Duas Visões do Contrabaixo

Tenho duas visões distintas do meu instrumento. Visões distintas que sempre se intercalam. Uma é a do instrumento de linhas horizontais melódicas que conduzem ou solam, dão cor, envolvem uma música. Um instrumento falante, tão falante como nossa língua. O outro é um instrumento mais ligado a terra, ao fogo e às raízes rítmicas. Esse é mais percussivo, pulsante como as batidas do coração, que atinge o chacra diretamente. Pra mim, nós baixistas somos seres anfíbios. Perambulamos na terra e na água. Rítmo e melodia. Harmonia também. Fazemos o elo da sessão rítmica de uma banda com a sessão melódico-hamônica. Conduzimos as dinâmicas e temos consciência de todo o resto, temos que estar conscientes do baterista ou percussionista, temos que estar conscientes dos instrumentos harmônicos. Fazemos um belo passeio na música.
Esse disco me dá uma sensação de amplitude nesse sentido. Ele me dá maior percepção do todo. Estou realmente gostando muito da experiência. E em se tratando de um disco que aborda a minha latinidade (no Brasil, nem sempre temos essa consciência; em linhas gerais, não procuramos conhecer a cultura dos países vizinhos da América Latina), tenho tido a oportunidade de aprofundar minha visão de mundo através da música.
O baixo que fala, o baixo que pulsa, amor e música, amor à música.

 

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